
Ano Novo, Tempo Novo?
O homem moderno é um indivíduo aprisionado pelo tempo. Vive em uma realidade em que os ritmos são mutáveis e complexos.
O tempo do trabalho repetitivo e frenético, as amarras sociais, a escravidão/anulação de seus rituais, a escassez do tempo para a solidão, a liquidez das relações afetivas é o que nos aprisiona, torna-se fonte de grande sofrimento físico e mental.
Saber utilizar as frações de horas, dias e anos pode determinar a diferença entre uma vida adoecida ou saudável. Valemos-nos de erros e acertos, medos e angústias de cada experiência de vida para dar sentido ao tempo.
Frequentemente, ao final de cada ano, nos deparamos com análises angustiantes do ano que se finda e nos planejamos para o próximo com desejos e anseios que sabemos que provavelmente não serão cumpridos.
Então, porque insistimos em controlar o incontrolável tempo?
Talvez nossa atenção esteja demasiadamente concentrada em um passado que ecoa no presente ou nas projeções de um futuro de soluções desejáveis e de realizações que nos salvem das confusões do presente.
O passado se referencia aos acertos e erros que vivemos e são imutáveis; o futuro é uma abstração, não existe. Ambos só podem ser construídos no presente, portanto as ações no aqui e agora é que vão influenciar o chamado futuro, sempre incerto, surpreendente e imprevisível.
Quem sou eu hoje, como ajo, o que sinto, como penso, o fluir de cada momento compõe o espaço denominado tempo que, embasado na dignidade e respeito a mim e ao outro, dá sentido à existência na grande aventura que é a Vida!